Buenos Aires continua um charme, principalmente
quando falamos da capital portenha em época de inverno. Clima agradável, gente
elegante, bons vinhos e muita cultura. Sem dúvidas, a capital europeia da América
do Sul não perdeu seu requinte e merece esse título. No entanto, o que mais me
chamou atenção neste temporada de julho pela capital é como os Hermanos
conseguiram manter e conservar aquele charme antigo europeu e ao mesmo tempo
não ficar parados no tempo. Claro, se nos referirmos a transporte e ao sistema
de metrô da cidade, não resta dúvidas de que a precariedade impera, no entanto
me refiro aqui as pessoas de uma forma geral. B.A(soletrado em inglês)
assim chamada pelos gringos, tem artistas incríveis e um espectro de cultura
enorme. Bairros como Palermo e San Telmo, são recheados de artistas de ruas, e
também de estúdios de arte em cada esquina e Plaza. Um outro destaque foi como
os portenhos lidam com a diversidade de uma forma geral, e aqui aproveito para
comparar ao meu Rio de Janeiro que tanto se gaba por ser a capital gay-friendly
do Brasil. Caminhando pelas “calles argentinas”, notava homens de terno e
gravata de mãos dadas, mulheres usando Channel e roupas de luxo se beijando, e
pais ensinando aos seus filhos que olhavam um pouco desentendidos que tudo não
passava de natural. A forma conforme a diversidade se faz presente em B.A é
incrível, pois todas aquelas formas de estereótipos já conhecidas são quebradas
da maneira mais natural possível, e tudo ocorre de forma "smooth" sem
nenhuma linearidade de estranhamento. Será que o mesmo poderia ocorrer na
Cidade Maravilhosa? E não, não me refiro a farme de amoedo em Ipanema e sim ao
centro da cidade. Acho que já temos a resposta para isso, né? É por isso que
insisto na ideia de que o Rio de Janeiro é a cidade dos guetos e dos bairros,
mas isso é uma outra discussão que deixaremos para mais adiante.
Parece que enquanto a arquitetura e a infraestrutura
da cidade ficaram paradas no tempo as pessoas avançaram, e avançaram muito.
Mentes brilhantes, pessoas incríveis e um bom café ou um bom vinho com um
"local" te mostra isso claramente.
Ao voltar, ponderava no avião se meu
Rio e São Paulo um dia chegarão no patamar de open-mindedness que Buenos Aires
chegou. Mesmo que não residindo mais no Brasil em um futuro proxímo e distante,
torço muito por isso... Afinal, nos gabamos tanto para falar que tomamos o
sexto lugar de maior economia mundial do Reino Unido, por que não nos gabar e
dizer: Educação e Cultura também avançam. Já tá na hora de superarmos aquela
máxima de "subdesenvolvimento estrutural", de uma forma geral. Ou
será que não que queremos? Será que o provincianismo chega a tanto na ex
colônia portuguesa, que não avançamos por que não queremos? Espero um dia
encontrar uma resposta para essas perguntas e não me assustar com as mesmas.
Foto e Texto por: Rodrigo Silva
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